A equipa do
Ciclismo Mundial esteve ontem em Barcelos, à partida para a oitava etapa da
Volta a Portugal 2018 e aproveitou para entrevistar um dos jovens mais
promissores do momento e que está presente na corrida portuguesa, o espanhol
Fernando Barceló Aragon, corredor da Euskadi – Múrias, já por diversas vezes
internacional espanhol e que vai estar presente na próxima Volta a França do
Futuro, que tem o seu início já no próximo dia 17.
Ciclismo Mundial: Tendo
em conta que a geral já não está ao alcance na Volta a Portugal, o objetivo
pode passar por tentar uma vitória, já no dia de hoje ou no dia de amanhã?
Fernando Barceló: Sim, a
geral para mim é impossível, também não vinha com ideias de a disputar, mas
temos um corredor que não está para ganhar, mas pode fazer uma boa
classificação. Quanto às minhas expectativas, ontem ganhamos uma etapa e quão
bom seria continuar o trabalho da equipa ganhando outra etapa.
CM: Em Espanha tem como
alcunha, “O novo Contador”. É algo que o pressiona na busca por resultados?
FB: Bom, em Espanha há
muitos e muito bons corredores e não creio que tenha de ser eu o relevo.
Todavia sou jovem, tenho de continuar a progredir, a ir melhorando a cada dia e
a dar o máximo sempre.
CM: Terminada a Volta a
Portugal, estarás no Tour de l’Avenir. Quais são os objetivos para essa
corrida?
FB: O objetivo seria
tentar acabar o mais acima possível na geral, mas sei que a Volta a Portugal me
vai deixar alguma fadiga e se não sou capaz de estar com os melhores em todas
as etapas então vou tentar alguma etapa.
CM: Tem já algumas
corridas em Portugal realizadas, como por exemplo a Volta ao Alentejo este ano.
Qual a opinião do ciclismo português e no nível competitivo que encontra no
nosso país?
FB: É verdade que a Volta
a Portugal tem muito mais nível que a Volta ao Alentejo, mas o nível médio do
pelotão é bastante forte e sobretudo os 15, 20 primeiros da geral estão a um
nível bastante elevado e estou seguro que podiam disputar corridas por todo o
mundo.
CM: Nos primeiros dias da
Volta a Portugal tivemos dias muito quentes. Como foi conviver com o calor,
conseguiste adaptar-te bem?
FB: Foi realmente
complicado! Nunca tinha competido com tanto calor, com temperaturas tão altas e
a sensação de dificuldade era extrema, mas bom era igual para todos os
corredores e conseguimos ultrapassá-lo e felizmente estes dias estamos a ter
melhores temperaturas.
CM: Sei que é aluno do
Ensino Superior. Como é conciliar os treinos, descanso e os estudos?
FB: Sim, estou a estudar
Ciências da Atividade Física e do Desporto. Bom, até agora estou a conciliar
bastante bem e sem grandes problemas. Agora no campo profissional é um pouco
mais complicado porque há competições durante todo o ano e levo muitos dias
fora de casa, mas no primeiro quadrimestre, até um pouco depois do Natal, é
quando tento fazer mais cadeiras.
CM: Em 2016 teve uma
segunda metade de época particularmente complicada, com lesões e quedas. Como é
que se ultrapassa psicologicamente de uma má fase assim?
FB: É realmente difícil,
sobretudo quando ainda não és profissional, onde tens que te mostrar em todas
as competições para que haja equipas que se fixem em ti. Então se estás quatro
ou cinco desaparecido e parece que já não existes, mas felizmente tenho a
família por trás de mim que sempre me apoiou nos bons e maus momentos e são um
pilar muito importante.
CM: Na etapa rainha da
Volta às Astúrias em 2017 estiveste na disputa da etapa com o Nairo Quintana.
Sentiste que a partir desse momento há mais pressão sobre ti para fazer bons
resultados nas etapas de montanha?
FB: Aí tive um dia
sensacional! Não para disputar com o Nairo Quintana, mas perto disso e talvez
tenha sido o resultado mais importante que tive até hoje como profissional. São
dias em que estás muito bem, que não sabes bem porquê, mas parece que as pernas
andam sozinhas e só espero que no futuro tenha mais dias desses!
CM: És um jovem, tens ainda
22 anos, como é que vês a partir de agora o teu futuro, quais os teus objetivos
quer a curto quer a longo prazo?
FB: Quanto aos meus
objetivos, enquanto estou bem, quero disputar ao máximo cada corrida, não gosto
de ir a uma corrida apenas para treinar ou deixar-me levar. Então mais do que
ter um objetivo de futuro, quando estou bem cada corrida é um objetivo.
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