sábado, 11 de agosto de 2018

Entrevista: Fernando Barceló Aragon




A equipa do Ciclismo Mundial esteve ontem em Barcelos, à partida para a oitava etapa da Volta a Portugal 2018 e aproveitou para entrevistar um dos jovens mais promissores do momento e que está presente na corrida portuguesa, o espanhol Fernando Barceló Aragon, corredor da Euskadi – Múrias, já por diversas vezes internacional espanhol e que vai estar presente na próxima Volta a França do Futuro, que tem o seu início já no próximo dia 17.

Ciclismo Mundial: Tendo em conta que a geral já não está ao alcance na Volta a Portugal, o objetivo pode passar por tentar uma vitória, já no dia de hoje ou no dia de amanhã?
Fernando Barceló: Sim, a geral para mim é impossível, também não vinha com ideias de a disputar, mas temos um corredor que não está para ganhar, mas pode fazer uma boa classificação. Quanto às minhas expectativas, ontem ganhamos uma etapa e quão bom seria continuar o trabalho da equipa ganhando outra etapa.

CM: Em Espanha tem como alcunha, “O novo Contador”. É algo que o pressiona na busca por resultados?
FB: Bom, em Espanha há muitos e muito bons corredores e não creio que tenha de ser eu o relevo. Todavia sou jovem, tenho de continuar a progredir, a ir melhorando a cada dia e a dar o máximo sempre.

CM: Terminada a Volta a Portugal, estarás no Tour de l’Avenir. Quais são os objetivos para essa corrida?
FB: O objetivo seria tentar acabar o mais acima possível na geral, mas sei que a Volta a Portugal me vai deixar alguma fadiga e se não sou capaz de estar com os melhores em todas as etapas então vou tentar alguma etapa.

CM: Tem já algumas corridas em Portugal realizadas, como por exemplo a Volta ao Alentejo este ano. Qual a opinião do ciclismo português e no nível competitivo que encontra no nosso país?
FB: É verdade que a Volta a Portugal tem muito mais nível que a Volta ao Alentejo, mas o nível médio do pelotão é bastante forte e sobretudo os 15, 20 primeiros da geral estão a um nível bastante elevado e estou seguro que podiam disputar corridas por todo o mundo.

CM: Nos primeiros dias da Volta a Portugal tivemos dias muito quentes. Como foi conviver com o calor, conseguiste adaptar-te bem?
FB: Foi realmente complicado! Nunca tinha competido com tanto calor, com temperaturas tão altas e a sensação de dificuldade era extrema, mas bom era igual para todos os corredores e conseguimos ultrapassá-lo e felizmente estes dias estamos a ter melhores temperaturas.

CM: Sei que é aluno do Ensino Superior. Como é conciliar os treinos, descanso e os estudos?
FB: Sim, estou a estudar Ciências da Atividade Física e do Desporto. Bom, até agora estou a conciliar bastante bem e sem grandes problemas. Agora no campo profissional é um pouco mais complicado porque há competições durante todo o ano e levo muitos dias fora de casa, mas no primeiro quadrimestre, até um pouco depois do Natal, é quando tento fazer mais cadeiras.

CM: Em 2016 teve uma segunda metade de época particularmente complicada, com lesões e quedas. Como é que se ultrapassa psicologicamente de uma má fase assim?
FB: É realmente difícil, sobretudo quando ainda não és profissional, onde tens que te mostrar em todas as competições para que haja equipas que se fixem em ti. Então se estás quatro ou cinco desaparecido e parece que já não existes, mas felizmente tenho a família por trás de mim que sempre me apoiou nos bons e maus momentos e são um pilar muito importante.

CM: Na etapa rainha da Volta às Astúrias em 2017 estiveste na disputa da etapa com o Nairo Quintana. Sentiste que a partir desse momento há mais pressão sobre ti para fazer bons resultados nas etapas de montanha?
FB: Aí tive um dia sensacional! Não para disputar com o Nairo Quintana, mas perto disso e talvez tenha sido o resultado mais importante que tive até hoje como profissional. São dias em que estás muito bem, que não sabes bem porquê, mas parece que as pernas andam sozinhas e só espero que no futuro tenha mais dias desses!

CM: És um jovem, tens ainda 22 anos, como é que vês a partir de agora o teu futuro, quais os teus objetivos quer a curto quer a longo prazo?
FB: Quanto aos meus objetivos, enquanto estou bem, quero disputar ao máximo cada corrida, não gosto de ir a uma corrida apenas para treinar ou deixar-me levar. Então mais do que ter um objetivo de futuro, quando estou bem cada corrida é um objetivo.

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