Entrevista a Paulo Gonçalves.
Paulo,
antes de mais, quero agradecer em nome pessoal e do Ciclismo Mundial esta
disponibilidade para a entrevista. Junto também as felicitações pela grande
prova que fez na Etapa do Tour que para além de dura é técnica e não é para
qualquer. Qual é assim a sensação de finalizar esta Etapa Mítica?
Diogo antes de mais eu é que agradeço o vosso
convite e quero demonstrar o meu apreço pelo trabalho que o Ciclismo Mundial
faz de divulgação do ciclismo.
Quanto à Etapa do Tour era o meu principal e único
objetivo competitivo de 2015. Em 2014 participei na Etapa da Volta em Viseu e
no Granfondo Aldeias de Xisto provas a rondar os 100 km mas com uma dureza
muito menor. A Etapa do Tour é uma etapa de uma dureza muito grande. Foram 140
km com 1 contagem de 2.ª categoria, 2 de 1.ª categoria e 1 de categoria
especial. Basta ver que foi uma das etapas rainhas para os profissionais que
disputam a Volta à França neste caso a etapa 19. Por isso a sensação de não só
ter terminado como ainda ter tido um desempenho acima das espectativas e de me
ter sentido forte durante toda a etapa tendo ultrapassado milhares de
participantes é fabuloso. É a sensação de que valeu a pena todo o esforço de
mudança na minha vida, a sensação de superação. É uma emoção tão grande que não
consegui conter as lágrimas após passar a meta. É indescritível! No dia
seguinte soube que começaram a prova 12092 ciclistas e terminaram a prova
apenas 9877. Destes eu fiquei na 4967.ª posição. Dentro do meu escalão (dos 30
aos 34 anos) em 602 fiquei na 154ª posição. Saber de tantas desistências dá
ainda mais valor ao meu desempenho.
Porque
esta mudança toda na sua vida? O que estava assim tão mal? Problemas de saúde?
E porque o ciclismo e não outra modalidade?
Tomar
o caminho de ter uma vida mais saudável foi algo que já tinha tentado mais
vezes mas sempre sem muito sucesso. Mas sendo Licenciado em Farmácia e tendo
sempre trabalhado na área da saúde sabia bem o que devia e não devia fazer.
Ainda não tinha problemas de saúde sérios relacionados com o meu estilo de
vida. Mas sentia-me mais velho do que era na realidade e sabia que no futuro
poderia ter problemas de saúde. Tinha 32 anos e já ressonava muito o que não me
deixava dormir bem e acabava por acordar já cansado, chegava ao fim do dia de
trabalho de rastos. Por outro lado se continuasse como antes teria que mudar
todo o meu guarda-roupa pois já quase não tinha roupa que me servisse. Ia-me
sair caro! Hoje sinto-me cheio de energia e deixei de ressonar e voltei a
vestir roupa que já nem me lembrava que tinha. Mas as duas principais razões
foram: perder peso pois nos dois anos precedentes á minha tomada de decisão
tinha engordado muito mas acima de tudo porque desde criança sempre quis ser
ciclista e nunca tinha lutado por isso verdadeiramente. O ciclismo sempre foi a
minha modalidade de eleição e que sempre fui praticando ao longo dos anos mas
nunca treinei com a regularidade nem com a sistematização com que venho a
treinar há 1 ano a esta parte.
Levantar
todos os dias e ir treinar ou mesmo depois de um dia de trabalho não é nada
fácil. Como conseguiu arranjar forças para essa mudança tão radical?
Quem me conhece sabe que sempre fui uma pessoa com
muita força para lutar pelos meus objetivos. Também já passei momentos em que
parecia que não tinha força física nem mental para enfrentar a vida. Mas penso
que o importante é mesmo não desistir nunca. Muitas vezes desistimos das coisas
pois não definimos o objetivo e não traçamos um plano para o atingir. E quando
digo isto não é apenas definir os objetivos no plano mental. É preciso colocar
as ideias no papel e desenvolvê-las tal como quem faz um plano empresarial ou
um plano de marketing. Quando assim o fazemos torna-se mais fácil pois é “só”
cumprir o plano. Depois a isto associo uma outra forma de pensar: se não podes
cumprir a 100% cumpre o mais que puderes e mantém por muito tempo, de
preferência para sempre. Foi assim que fiz. Defini os meus objetivos e tracei
um plano para os atingir. Não cumpri o plano na totalidade mas dei o melhor que
foi possível. Depois a família e os amigos mais próximos são sempre muito
importantes para nos dar força e apoiar. Apesar de neste momento estar longe de
todos eles o apoio contínuo deles é muito importante. Quero destacar um apoio
especial que é a minha esposa que me ajuda muito neste meu projeto e que sem a
força dela nada disto seria possível.
Para além disso decidi criar uma página de atleta no
Facebook com o nome Paulo Soles Gonçalves – Ciclista em que a ideia era
partilhar com os meus amigos a minha transformação pois sabia que muitos deles,
sabendo da minha paixão pelo ciclismo, me iriam apoiar mas depois outas pessoas
que eu não conheço pessoalmente juntaram-se a mim na página e hoje somos já
mais de 1020 amigos. A todos eles devo muito pois dão-me muito apoio e carinho
que me motiva ainda mais para continuar a percorrer este caminho. Ainda estou
só no início mas não quero parar…
Sabemos
que é ciclista amador, já participou em várias provas como Etapas das Provas,
GrandFundos, Maratonas, etc. Quais são os seus objetivos depois desta prova?
Para este ano não tenho mais nenhum objetivo em
termos de participação em provas pois a minha situação económica não me permite
neste momento. Mas não é por isso que não vou fazer outros desafios. Estou já a
pensar em fazer uma volta a solo de 180 km e depois disso quero fazer outra de
200 km. Para além disso estou a pensar em conquistar mais algumas subidas duras
próximas de Genebra e bater alguns recordes pessoais. Mas ainda estou na fase
de planeamento. Ainda não tomei decisões mas quero aproveitar o bom momento de
forma para continuar a evoluir. Para além disso tenho o objetivo de atingir os
70 kg de peso até ao natal.
Para o próximo ano se já tiver condições para
investir um pouco mais gostaria de fazer de fazer 7 ou 8 provas como a Etapa do
Tour mas já com outros objetivos em termos de classificação.
Qual
é o seu corredor preferido? Ou perguntando de outra forma, qual é o corredor
que lhe dá mais vontade (ao Paulo) para pegar na bicicleta e ir correr por
essas estradas foras e não perder a esperança que é possível?
Sinceramente sou daqueles aficionados que
dificilmente consegue decidir-se só por um ciclista. Tenho vários que me enchem
as medidas. Gosto de ciclistas atacantes, que dão espetáculo. Por exemplo a
nível internacional: o Contador, o Froome, o Cancellara, o Sagan, o Valverde, o
“Purito” Rodriguez, o Tony Martin. Em termos de ciclistas portuguese o Rui
Costa, Tiago Machado, Rui Sousa, Filipe Cardoso.
Depois noutro patamar tenho o Vitor Gamito como uma
grande inspiração pois também é graças ao seu exemplo que decidi começar esta
transformação. O Gamito com 45 anos continuar a desafiar a idade e provar que
velhos são os trapos e que tudo é possível desde que se lute por isso. O José
Rosa campeão nacional de XCM na sua categoria e que acompanhou o Vitor Gamito
na Absa Cape Epic e na Adalucía Bike Race O Jens Voigt é um ciclista que correu
ao mais alto nível até aos 43 anos. O Chris Horner venceu a Vuelta com 41 anos
(a 1 mês de fazer 42) e agora com 43 ainda corre nos EUA. Estes são exemplos de
que a idade não conta e são excelentes inspirações para mim que aos 32 anos
decidi mudar de vida e agora aos 33 tenho a certeza que foi uma decisão muito
acertada.
Falando
mais de si pessoalmente, o que faz profissionalmente? Sei que vive em Genebra,
porque que é que emigrou?
Sou
Licenciado em Farmácia e sempre trabalhei na indústria farmacêutica (Marketing
e Vendas) e em farmácia. Ao longo do tempo fui-me especializando em Marketing
Farmacêutico. É esta a minha área profissional de eleição. Emigrei devido à
crise no nosso país pois entre outros sectores, o sector farmacêutico foi alvo
de medidas abruptas e extraordinariamente impactantes para a saúde económica
das empresas. Lutei muito para ficar no meu país tendo até criado o meu próprio
posto de trabalho enquanto trabalhador independente mas as coisas não correram
como esperava. Decidi então procurar oportunidades em Genebra. Neste momento
estou a trabalhar noutra área mas estou a aprender a língua francesa para que
possa o mais rapidamente possível trabalhar naquilo que mais gosto.
Acompanha
o ciclismo diariamente ou com alguma regularidade?
Sim, acompanho o ciclismo diariamente. Sou um
apaixonado pela modalidade desde os meus 10 anos de idade. Todos os dias
procuro notícias sobre a modalidade nomeadamente no facebook onde acompanho as
notícias em sites da especialidade e em blogues como o Ciclismo Mundial. Também
gosto muito de BTT mas o meu maior interesse é o ciclismo de estrada. Sempre
que há provas com transmissão e sempre que me é possível adoro passar uma boa
tarde a ver, especialmente grandes etapas de montanha.
O
que está a achar desta Volta a França? Esperava este domínio da Sky e de Chris
Froome? E sobre a performance da nossa armada lusa o que comenta?
A Volta à França este ano prometia ser uma das mais
competitivas de sempre. No entanto, voltamos a ter o domínio da Sky como já
estamos habituados a ver há alguns anos, exceto em 2014 por desistência do
Froome. O Froome é, de facto, um ciclista de exceção numa equipa extraordinária
e quando se prepara especificamente para uma prova é quase imbatível. O
Quintana ainda é jovem e este ano beneficiou de não haver muitos km de
contra-relógio individual. O Contador ao tentar vencer Giro e Tour no mesmo ano
chegou ao Tour com menos frescura e o Nibali entrou no Tour com a preparação um
pouco atrasada. Tive pena que o Van Garderen tivesse adoecido mas penso que
será um sério candidato no futuro. Mas o ciclismo é isto. Quanto aos
portugueses acho que o Tiago Machado está num papel de trabalho para a equipa e
talvez esteja a acusar também um pouco o facto de este ano já ter tido um
calendário competitivo bastante preenchido. O José Mendes e o Nelson Oliveira
perderam os líderes da equipa bastante cedo e as suas equipas ficaram sem
grandes objetivos desde então, por isso não se pode pedir muito. Quanto ao Rui
Costa pelo segundo ano consecutivo abandona o Tour precocemente. Penso que está
na altura de ele parar para pensar e relançar a sua carreira. Será que não está
na altura de mudar de preparador? Será que não está na altura de redirecionar a
carreira para outros objetivos que não sejam um top 10 no Tour? Ou porque não
tentar fazê-lo primeiro num Giro ou numa Vuelta. Ele é um ciclista excecional
mas terá que equacionar muito bem o seu futuro. Por exemplo, o Cancellara, o
Tony Martin, o Gilbert, o Sagan entre outros são ciclistas de classe mundial e
não lutam pela classificação geral de nenhuma volta de 3 semanas. O Rui Costa
sabe que é dos melhores do mundo em provas de um dia, nomeadamente as clássicas
com percursos seletivos e também em provas de 1 semana e pode ir ao Tour mas
para tentar ganhar algumas etapas pois de top 10’s não reza a história…
O
que espera desta edição da Volta a Portugal? O domínio da agora W52
manter-se-á? Ou as outras equipas portuguesas (ou até mesmo as estrangeiras
apesar de desconhecidas) poderão dar mais luta que aquela que vimos nos últimos
2 anos?
Penso
que esta Volta tem tudo para ser mais aberta do que noutros anos. Para além da
W52 que volta a ser muito forte este ano, a Efapel e a Rádio Popular podem
estar na disputa direta da vitória. Pessoalmente, gostava de ver o Rui Sousa
vencer a prova pois é um ciclista que acompanho desde o início da carreira e
por quem tenho uma grande admiração. Quanto às equipas estrangeiras é preciso
muita atenção pois pode sempre haver uma surpresa.
Podemos
ler no seu Facebook quando acompanhamos a sua preparação para a Etapa do Tour
que se queixou bastante da falta de civismo por parte dos outros atletas em
torno do lixo que é deitado em céu aberto. Qual acha que é o problema? Receia
que a imagem que vemos nas competições de ciclismo profissional influencie os
“amadores”?
Se as pessoas que participam nestes eventos fossem
crianças eu diria que a culpa era da imagem passada pelos profissionais. Mas
todos são adultos, muitos até já pais de crianças e outros até com idade para
serem meus pais. Portanto todos nós temos responsabilidades. O problema é que
as pessoas não sentem que sejam responsáveis pelo mundo onde vivemos. Tenho a
certeza que em casa não atiram o pacote das bolachas para o chão. Porquê?
Porque são os responsáveis pela casa. São as pessoas que têm que zelar pela
manutenção da sua própria casa. No dia em que cada um tiver incutida a ideia de
que é responsável pelo nosso planeta, pela sua manutenção então cada um fará a
sua parte e não podemos esperar que sejam as próximas gerações a fazê-lo.
Cabe-nos a nós fazê-lo neste momento. Agora! Por exemplo durante a Etapa da
Tour vi um ciclista à minha frente a deitar para a berma uma embalagem de gel.
Parei, apanhei-a e fui dizer-lhe que tinha deixado cair a embalagem. Ele não
respondeu apenas se limitou a enfiar a embalagem no bolso da camisola. Até
porque a seguir a cada zona de abastecimento haviam zonas delimitadas para o
podermos deitar o lixo para umas redes colocadas na berma. Eu guardava sempre
as minhas embalagens para deixar nestas zonas. Outro especto que vejo muito é
que os participantes não se preocupam em ler os regulamentos das provas. Se os
lerem todos têm menção ao especto ambiental destas provas. É só cumprir!
Qual
é neste momento o seu maior sonho?
Neste momento tenho 2 grandes sonhos. Um deles mais
em termos de vida pessoal é um dia ter condições para regressar ao meu país
para poder estar perto de quem mais amo (a minha família e dos meus amigos) e
para poder prosseguir com o projeto de vida que tinha idealizado. Em termos de
ciclismo o maior sonho é evoluir muito para um dia poder ter a oportunidade de
fazer uma competição com os profissionais mesmo sabendo que comecei tarde para
isso. Sei que ambas são difíceis por isso é que se chamam sonhos. Mas farei o
que estiver ao meu alcance para os cumprir. O sonho comanda a vida…
Entrevista a Rui Carvalho.
É
com enorme gosto que publicamos mais uma entrevista a uma jovem promessa do
ciclismo português.
O
Rui é um atleta bem conhecido entre as pessoas que gostam de BTT, visto ser um
dos melhores atletas sub-23 da actualidade.
Antes
de iniciar gostaríamos de agradecer a sua disponibilidade em responder a esta
entrevista.
Como
começou no ciclismo?
Desde cedo que me interessei pela prática de
actividade física, comecei por jogar á bola com os amigos e após verificar que
tinha algum jeito para a coisa fui parar a uma equipa federada, joguei durante
cerca de 4, 5 anos. Durante o Futebol fui ganhando uma nova paixão de
fim-de-semana, a bicicleta, desde logo comecei a praticar btt, o bichinho de
fim-de-semana passou a ser mais que isso e passei a fazer competição nas provas
regionais, treinando apenas uma vez por semana, comecei-me a entusiasmar com os
resultados na bicicleta até que deixei o futebol e posso dizer que passei a ser
ciclista. Passei a treinar praticamente todos os dias e arranjei o meu primeiro
treinador, os resultados não tardavam em aparecer e entusiasmei-me cada vez
mais , deixei de correr apenas a nível Regional e passei a correr no Nacional,
foi sem duvida um grande e importante passo, a partir dai nunca mais parei até
aos dias de hoje…
Sonha
tornar-se profissional de BTT?
Sim, é para mim um sonho, mas temos de ser
realistas, neste momento e na situação que se encontra o país é quase
impossível seguir com uma carreira profissional no btt para a frente.
Qual
prefere, XCO ou XCM?
XCO sem dúvida.
O publico, o coração sempre em alta rotação, os vários obstáculos que temos de
ultrapassar durante a prova trazem muito mais emoção do que uma prova de XCM.
Se
pudesse escolher uma vitória numa competição qualquer, qual seria?
Campeonato
Nacional XCO.
Sente-se
de alguma forma injustiçado pelo facto de não existir uma distinção para o
melhor sub-23 no Nacional de XCM?
Sim, não percebo o porquê de não haver pelo menos
uma lembrança no final. Se há uns 3-4 anos havia, não percebo porque deixou de haver…
Em
2008 como cadete encontrava-se como um grande favorito a vencer o Nacional de
XCO. Foi frustrante perceber que devido a doença as suas faculdades físicas
eram menores?
2008 foi um ano em que conheci o meu melhor, mas
também o meu pior, à partida sabia que não estava nas melhores condições, mas
lutei contra as adversidades e consegui terminar a escassos segundos de um
lugar no pódio.
Nesse
mesmo ano (2008), venceu a Taça de Portugal de XCO. Qual a importância desta
conquista na sua carreira?
Foi o meu primeiro ano a competir a sério a nível
nacional e logo com uma vitória numa das competições mais importantes do
panorama nacional. Ainda me lembro no que disse nesse dia para a entrevista da RTP2,
“É uma motivação para continuar no Futuro”... E é essa a importância que lhe
dou, poder ir buscar força no passado para poder olhar em frente sem
desistir...
As
provas de Rampa eram também uma paixão?
Gosto bastante de
subir, e quanto mais duro melhor, mas nunca fiz uma preparação a 100% para elas,
julgo que por nunca terem muita visibilidade.
Fez
algumas provas de estrada. Quais as sensações que ficaram dessas experiencias?
Gostei bastante, mas
considero que não seja a minha praia, apesar de me ter desenrascado bem em uma
outra prova, o ritmo da estrada é diferente e eu não tinha treino para ele.
Como na altura fazia apenas XCO e ainda era júnior, o motor só sabia andar a
fundo e por si só. A estrada exige diferentes mudanças de ritmo às quais não
estava habituado. No entanto gostei bastante de sofrer na Volta à Loulé e na
Volta a Portugal de Juniores, a camaradagem com os colegas e o espírito que se
vive é muito positivo...
Quais
os seus pontos mais fortes em pista?
O meu ponto forte é sem dúvida as subidas, como sou
leve e consigo manter por algum período de tempo potências altas, tiro alguma
vantagem.
Qual
o melhor momento que viveu no ciclismo?
A conquista da Taça de Portugal em 2008.
Sonha
um dia tornar-se uma referência do BTT nacional?
É sem dúvida um sonho para mim, sobretudo porque me
iria dar uma grande motivação para prosseguir em busca dos meus objectivos.
Qual
o maior objetivo de carreira?
Tornar-me Campeão Nacional e representar a Selecção
Portuguesa
Cumpriu
os objetivos que tinha em mente para esta época?
Esta época foi uma época de mudança, mudei de
treinador, mudei de metodologia de treino e isso fez-me evoluir. Estar de novo
mais perto da frente da corrida tal como estava à uns anos atrás é já por si
uma grande motivação para alcançar os meus objectivos… Por isso considero que
fiz uma época dentro dos objectivos.
Superei todos os
resultados obtidos nos anos anteriores na categoria de Sub-23, e não senti
nenhuma quebra assinalável em termos de rendimento. Resultados como 6º lugar
absoluto e 1º Sub-23 no Campeonato Nacional de Maratonas junto dos melhores
atletas nacionais e que são minhas referências na modalidade, fazem-me pensar
mais além tendo em conta que tenho apenas 21 anos e não apostei em nada nesta vertente.
O 6º lugar no campeonato Nacional de XCO também considero um bom resultado
tendo em conta que o traçado não me favorecia. Destaco também o 3º Lugar no
Campeonato Nacional de ½ Maratona, discutido ao Sprint com o Vice-campeão
Nacional.
Quais
os objetivos para 2014?
Em 2014 espero
estar dentro dos 5 primeiros sub-23 na taça de Portugal XCO, bem como lutar
pelo pódio no Campeonato Nacional de XCO. Não descarto a hipótese de estar no
Nacional de XCM para vingar o título que não me quiseram dar este ano… Mas se a
isto se junta-se uma chamada à selecção nacional, então seria ouro sobre azul.
Quem
são os seus ídolos?
A nível Internacional, a lenda do BTT Julien Absalon,
a nível Nacional David Rosa no XCO, Tiago Ferreira e Luís Leão Pinto no XCM
Já
experimentou as 26, 27.5 e 29er. Para si qual a que melhor se adapta?
Já experimentei todas elas, a 27´5 experimentei
apenas uma montagem de uma bicicleta 26 com rodas 27´5. Penso que para a minha
constituição física esta seja a que melhor se adapta. Tira vantagem em terreno
plano em relação a 26 e não perde tanto a subir nas maiores inclinações como a
29er. Acho que no meio está mesmo a virtude desta vez J
Qual
o balanço que faz da sua carreira até este momento?
Uma carreira com grandes alegrias. Um grande pico,
logo no primeiro ano mais a sério, que depois desceu um pouco de rendimento.
Até mudar para o escalão de Sub-23 onde vi a coisa bem mais complicada nos 2
primeiros anos. Sendo este o 3º ano, vi a minha forma física subir
consideravelmente e isso deixa-me confiante em relação ao que há-de vir…
Foto de João Lopes |
Como
é conciliar os estudos e a competição?
É um pouco difícil, mas com muito empenho e
dedicação tudo se consegue. Durante a época por vezes tenho fins-de-semana
seguidos sempre com competições e por vezes vejo-me um pouco atrapalhado com os
estudos. Os professores pensam que não temos outras actividades para além da
escola, a maior parte dos alunos não as têm! Tento planificar os treinos mais
longos para os fins-de-semana para assim ter ainda algum tempo para estudar.
Sente
o apoio da sua família e amigos? Isso dá de alguma forma uma força especial
para encarar as provas?
Relativamente à família
mais próxima, o meu irmão sempre me apoiou e a ele lhe devo muito, tem sido uma
barra de ferro fundamental na minha vida de atleta e não me deixa ir abaixo. A
minha mãe vai-me a apoiando como pode e o meu pai também já torceu mais a
cabeça a estas minhas andanças. Os 2 foram-se habituando e agora vão sendo
também fundamentais a dar apoio.
Em relação aos
amigos fora do btt, por vezes para eles é um pouco complicado para eles
perceber que não posso sair todos os dias até as tantas da madrugada e todas
essas coisas que um jovem “normal” costuma fazer, mas os verdadeiros, sempre me
apoiaram… O apoio da família é fundamental, para aguentar todos os tipos de
esforços a que esta modalidade obriga.
Como
se caracteriza como pessoa? E como atleta?
Não gosto muito de falar de mim, prefiro que sejam
os outros a fazê-lo, considero-me uma pessoa amiga e que se tenta dar bem com
toda a gente. Como atleta, tenho espírito de sacrifício e sou rigoroso comigo
mesmo, mas tenho sobretudo um grande respeito e consideração por todos os meus
adversários.
Mais
uma vez gostaríamos de agradecer ao rui por toda a disponibilidade mostrada.
É
com um enorme prazer que lançamos mais uma entrevista, desta vez será de Mário
Costa.
O
Mário dispensa qualquer tipo de apresentações, visto que neste momento é o
campeão nacional de XCO em Elites, sendo ainda atleta da categoria sub-23.
Antes
de mais queria agradecer ao Mário Costa por ter aceite o novo convite.
Como
se iniciou no ciclismo?
Comecei por dar umas voltas de fim-de-semana com o
meu pai após ter deixado de jogar futebol, passado uns tempos fui às duas últimas
corridas do Campeonato Regional do Minho, no ano seguinte integrei a equipa da
Casa do Povo de Retorta e nunca mais parei até hoje.
Como
eram os seus treinos no início de carreira? Já tinha objectivo de se tornar o
atleta que é hoje em dia?
Treinava todos os dias à noite com o meu pai, na
altura não me imaginava onde estou hoje, de ano para ano fui colocando
objectivos cada vez mais altos e fui evoluindo.
É
uma pressão maior quando se entra numa prova a nível nacional, e saber que se
tem de defender o título?
É uma pressão boa, é a responsabilidade.
Qual
a importância da vitória no nacional de elites?
Para mim pessoalmente teve muito significado pela altura em que o conquistei, é o título mais importante do btt nacional e por isso foi e é muito importante para mim.
Para mim pessoalmente teve muito significado pela altura em que o conquistei, é o título mais importante do btt nacional e por isso foi e é muito importante para mim.
Pode
dizer-se que a pista de Tougues, é uma pista muito ao seu estilo?
Sim, é uma pista que me dá especial gozo dar voltas
e voltas.
É
um jovem e já tem no palmarés, bons resultados quer em termos nacionais quer em
termos internacionais. Que espectativas isso lhe dá para o futuro?
Aquilo que está no meu palmarés neste momento espero
que seja uma pequena parte do meu palmarés no final da minha carreira, ainda
assim já ganhei coisas importantes mas quero muito mais.
Cumpriu
os objetivos que tinha em mente para esta época?
A nível nacional queria revalidar a Taça de
Portugal, falta uma corrida e estou a um ponto do primeiro lugar, consegui
ganhar o Campeonato Nacional. Fora de Portugal estive à quem do esperado por
diversas razões.
É
um dos atletas com várias prestações internacionais pela seleção. Qual o
sentimento que isso desperta em si?
Orgulho de representar o nosso país além fronteiras
e sensação de alguma recompensa do trabalho feito dentro de portas.
São
vários os resultados internacionais de relevo. Se pudesse destacar um, qual
seria?
Destacaria o quarto lugar da Taça do Mundo de
Madrid.
Quais
os objetivos para 2014?
Para 2014 ainda tenho muitas coisas por definir,
preciso de estar assiduamente nas Taças do Mundo para poder continuar a
evoluir.
Na
sua opinião o que falta para que o XCO português continue a evoluir, com o
objetivo de chegar-mos ao topo da modalidade?
Penso que a criação de uma equipa profissional
pensada para competir nas melhores provas internacionais numa fase inicial
seria um dos primeiros passos a dar.
Já
participou em provas de estrada? Quais as sensações?
Enquanto júnior participei em algumas, em sub-23
apenas na Volta a Portugal e Campeonato Nacional. São corridas mais exigentes
em tempo de duração comparativamente ao btt e discutidas na maior parte do
tempo numa intensidade mais baixa. Se
algum dia treina-se especificamente para estrada gostaria de voltar a
participar em algumas corridas.
O
que representa o Ciclocross na sua época?
É uma modalidade que gosto muito, desde que
recomeçaram as corridas em Portugal em Lordelo 2010 até hoje estive em todas,
aproveito para me divertir e preparar a temporada de XCO.
Há
objetivos a curto/longo prazo para o Ciclocross a nível pessoal?
Se Portugal fosse um país como a Bélgica que vive o
CX como ninguém poderia pensar em apostar um pouco mais e até dedicar-me a 100%
mas infelizmente não é assim fico-me pelas participações nas provas nacionais
como forma de preparação.
Quais
os seus ídolos no XC?
O Absalon pelo que já ganhou e continua no top e o
Fontana pela evolução, pela forma de estar, pela condução.
Qual
o balanço que faz da sua carreira até este momento?
A minha carreira é marcada pela constante evolução
ao longo dos anos sempre com resultados de destaque que a sustentam ano após
ano. Ainda não tive uma lesão que me afasta-se da competição durante algum
tempo, nem uma grande crise de resultados mas estou certo que tudo isto faz
parte das carreiras desportivas e um dia toca-me a mim.
Como
se descreve como pessoa? E como atleta?
Como pessoa sou descontraído, bem disposto, amigo,
brincalhão. Como atleta sou ambicioso, calmo na horas das decisões e nervoso
quando estou a preparar alguma corrida importante.
Mais
uma vez gostaríamos de agradecer ao Mário Costa pela sua disponibilidade em ser
entrevistado por nós.
Obrigado!
ResponderEliminarDe nada Mário! Foi um prazer enorme para nós puder entrevistar-te! Boa sorte na tua vida pessoal/desportiva.
ResponderEliminarAbraço.