domingo, 29 de abril de 2018

Spring Classics Season Review.

  • ·        Domínio da QuickStep

Mais uma época de clássicas que terminou, mais uma que a QuickStep dominou! Quer no pavé, quer nas Ardenas conseguem meter alguém no top5 em 8 de 11 corridas (todas exceto Strade Bianche, Milano Sanremo e Amstel Gold Race) e apenas na Milano não têm ninguém no top10, apesar de terem perseguido Nibali até ao final e de Viviani ter abdicado quando viu que não conseguiria vencer. Seja qual fosse o terreno, a equipa estava sempre no controlo, imprimindo o ritmo que melhor lhes convinha, não deixando os principais favoritos saírem sozinhos e dificultando a perseguição quando os seus homens estavam na frente, de modo a aumentarem distâncias. Foi assim uma temporada de clássicas excelente para a QuickStep, levando para casa 5 clássicas, nas quais se incluem 2 monumentos (Tour de Flandres e LBL), e uma série de resultados de grande nível.


  • ·        Fim da era Alejandro Valverde

Aos 37 anos, a dinastia de Alejandro Valverde nas Ardenas parece ter chegado ao fim. Seja pela idade, ou consequência da queda grave que deu o ano passado no Tour, certo é que o espanhol chegou às Ardenas já em quebra física, nunca encontrando a forma com que apareceu, por exemplo, em 2017. Justiça seja feita, Valverde entrou em 2018 em grande forma, tendo já mais vitórias esta temporada que em 2016 ou 2015. No entanto, quando chegou o momento mais importante da época, Valverde claudicou, sendo 2º na Fleche atrás de Alaphilippe e 13º na LBL ganha por Bob Jungels. É verdade que os rivais também tiveram o seu pico de forma nas Ardenas, mas a forma como Valverde correu demonstrou que já não é o mesmo dos últimos anos. Estaremos mesmo a assistir ao fim da era Valverde?


  • ·        Superforma de Niki Terpstra

Quando todos os olhares, dentro da QuickStep, se encontravam em Philippe Gilbert, considerando-o como um dos maiores candidatos a vencer as clássicas de pavé, a par de Sagan e Avermaet, poucos ou muito poucos esperavam que fosse Terpstra a brilhar. O holandês apareceu em superforma, melhor mesmo que em 2014 quando venceu a Roubaix, e foi assim a figura da equipa e da temporada de clássicas. Segundo fontes da equipa, Terpstra perdeu 2kg durante o inverno e talvez essa tenha sido a chave para o sucesso. Daí a juntar a Roubaix (que já tinha) ao Tour de Flandres foi só um pequeno passo. A vitória naquele que é talvez o monumento mais duro de todos foi de uma classe fora do vulgar e que está ao nível de muito poucos! Para além disso, a vitória em Harelbeke e o 3º lugar na Roubaix abrilhantaram ainda mais uma temporada de clássicas excecional.


  • ·        Sagan incisivo em Roubaix

Depois de uma temporada de clássicas desastrosa em 2017, onde apenas tinha vencido a Kuurne-Brussels-Kuurne, Sagan tinha de provar em 2018 que o ano anterior tinha sido apenas uma pedra no seu caminho. E Sagan apareceu com vontade de mostrar serviço, passou a KBK e a Omloop, e apareceu na E3 Harelbeke, mas facilmente a QuickStep mostrou as fragilidades da Bora e Sagan ficou exposto desde muito cedo, terminando num modesto 26º lugar a 3’23” de Terpstra. Tudo apontava para mais um péssimo início de época do eslovaco, mas 2 dias depois ele vencia a Gent-Wegelvem, ao sprint perante Elia Viviani da QuickStep, mostrando que a máquina belga não era imbatível. Domingo seguinte chegávamos ao Tour de Flandres, Sagan foi constantemente marcado pelos restantes favoritos e a história da E3 parecia repetir-se. Terpstra atacava, ninguém o seguia e rapidamente construía uma vantagem acima de 40s sobre os rivais. Sagan tentou atacar na última passagem pelo Paterberg mas a sua vantagem não durou muito, acabando por finalizar em 6º com 25” de atraso. E uma semana depois chegávamos então ao palco dos palcos, a Paris-Roubaix. Sagan é sempre favorito, mas todos os olhares estavam postos sobre Terpstra que já levava a E3 e o Tour de Flandres no bolso. E foi então que Sagan mostrou mais uma vez toda a sua classe, atacando a mais de 50km do final sem resposta dos rivais que, desta vez, colocavam o seu olhar sobre Terpstra. Sagan acabou por alcançar rapidamente os fugitivos que ainda restavam, chegando com o último deles, Silvain Dillier, à meta e vencendo de forma excecional. E finalmente, após várias tentativas falhadas, Sagan venceu aquela corrida que lhe faltava, aquela que tanto ambicionava, vencendo a QuickStep com a sua própria tática, deixando o seu líder sozinho e atacando de forma fria e intencional.


  • ·        Strade Bianche o 6º monumento?

12 edições volvidas chegam-me para considerar que a Strade Bianche está ao nível das 5 clássicas apelidadas de monumentos. E porquê? Porque em tão pouco tempo conseguiu mostrar que consegue ser uma prova tão ou mais espetacular como um Tour de Flandres ou uma Paris-Roubaix, sendo uma prova de caraterísticas únicas no calendário World Tour. A Strade Bianche é uma prova percorrida em solo italiano, com a caraterística única, que a distingue de todas as outras clássicas, de ter mais de 50km em sterrato (terra). Toda a espetacularidade que envolve esta prova vai desde as duras colinas de sterrato até ao momento em que os ciclistas cruzam a meta, em que praticamente não se reconhece quem são, ou até mesmo a equipa que representam devido ao sterrato que ressalta das rodas para o equipamento. É por tudo isto e pela dureza que apresenta, que a Strade Bianche tem tudo para ser considerada o novo monumento do ciclismo mundial.


Escrito por: Miguel Simões

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