- · Domínio da QuickStep
Mais uma época de clássicas que terminou, mais uma que
a QuickStep dominou! Quer no pavé, quer nas Ardenas conseguem meter alguém no
top5 em 8 de 11 corridas (todas exceto Strade Bianche, Milano Sanremo e Amstel
Gold Race) e apenas na Milano não têm ninguém no top10, apesar de terem
perseguido Nibali até ao final e de Viviani ter abdicado quando viu que não
conseguiria vencer. Seja qual fosse o terreno, a equipa estava sempre no
controlo, imprimindo o ritmo que melhor lhes convinha, não deixando os
principais favoritos saírem sozinhos e dificultando a perseguição quando os
seus homens estavam na frente, de modo a aumentarem distâncias. Foi assim uma
temporada de clássicas excelente para a QuickStep, levando para casa 5
clássicas, nas quais se incluem 2 monumentos (Tour de Flandres e LBL), e uma
série de resultados de grande nível.
- · Fim da era Alejandro Valverde
Aos 37 anos, a dinastia de Alejandro Valverde nas
Ardenas parece ter chegado ao fim. Seja pela idade, ou consequência da queda
grave que deu o ano passado no Tour, certo é que o espanhol chegou às Ardenas
já em quebra física, nunca encontrando a forma com que apareceu, por exemplo,
em 2017. Justiça seja feita, Valverde entrou em 2018 em grande forma, tendo já
mais vitórias esta temporada que em 2016 ou 2015. No entanto, quando chegou o
momento mais importante da época, Valverde claudicou, sendo 2º na Fleche atrás
de Alaphilippe e 13º na LBL ganha por Bob Jungels. É verdade que os rivais
também tiveram o seu pico de forma nas Ardenas, mas a forma como Valverde
correu demonstrou que já não é o mesmo dos últimos anos. Estaremos mesmo a
assistir ao fim da era Valverde?
- · Superforma de Niki Terpstra
Quando todos os olhares, dentro da QuickStep, se
encontravam em Philippe Gilbert, considerando-o como um dos maiores candidatos
a vencer as clássicas de pavé, a par de Sagan e Avermaet, poucos ou muito
poucos esperavam que fosse Terpstra a brilhar. O holandês apareceu em
superforma, melhor mesmo que em 2014 quando venceu a Roubaix, e foi assim a
figura da equipa e da temporada de clássicas. Segundo fontes da equipa,
Terpstra perdeu 2kg durante o inverno e talvez essa tenha sido a chave para o
sucesso. Daí a juntar a Roubaix (que já tinha) ao Tour de Flandres foi só um
pequeno passo. A vitória naquele que é talvez o monumento mais duro de todos
foi de uma classe fora do vulgar e que está ao nível de muito poucos! Para além
disso, a vitória em Harelbeke e o 3º lugar na Roubaix abrilhantaram ainda mais
uma temporada de clássicas excecional.
- · Sagan incisivo em Roubaix
Depois de uma temporada de clássicas desastrosa em
2017, onde apenas tinha vencido a Kuurne-Brussels-Kuurne, Sagan tinha de provar
em 2018 que o ano anterior tinha sido apenas uma pedra no seu caminho. E Sagan
apareceu com vontade de mostrar serviço, passou a KBK e a Omloop, e apareceu na
E3 Harelbeke, mas facilmente a QuickStep mostrou as fragilidades da Bora e
Sagan ficou exposto desde muito cedo, terminando num modesto 26º lugar a 3’23”
de Terpstra. Tudo apontava para mais um péssimo início de época do eslovaco,
mas 2 dias depois ele vencia a Gent-Wegelvem, ao sprint perante Elia Viviani da
QuickStep, mostrando que a máquina belga não era imbatível. Domingo seguinte
chegávamos ao Tour de Flandres, Sagan foi constantemente marcado pelos
restantes favoritos e a história da E3 parecia repetir-se. Terpstra atacava,
ninguém o seguia e rapidamente construía uma vantagem acima de 40s sobre os
rivais. Sagan tentou atacar na última passagem pelo Paterberg mas a sua
vantagem não durou muito, acabando por finalizar em 6º com 25” de atraso. E uma
semana depois chegávamos então ao palco dos palcos, a Paris-Roubaix. Sagan é
sempre favorito, mas todos os olhares estavam postos sobre Terpstra que já
levava a E3 e o Tour de Flandres no bolso. E foi então que Sagan mostrou mais
uma vez toda a sua classe, atacando a mais de 50km do final sem resposta dos
rivais que, desta vez, colocavam o seu olhar sobre Terpstra. Sagan acabou por
alcançar rapidamente os fugitivos que ainda restavam, chegando com o último
deles, Silvain Dillier, à meta e vencendo de forma excecional. E finalmente,
após várias tentativas falhadas, Sagan venceu aquela corrida que lhe faltava,
aquela que tanto ambicionava, vencendo a QuickStep com a sua própria tática,
deixando o seu líder sozinho e atacando de forma fria e intencional.
- · Strade Bianche o 6º monumento?
12 edições volvidas chegam-me para considerar que a
Strade Bianche está ao nível das 5 clássicas apelidadas de monumentos. E
porquê? Porque em tão pouco tempo conseguiu mostrar que consegue ser uma prova
tão ou mais espetacular como um Tour de Flandres ou uma Paris-Roubaix, sendo
uma prova de caraterísticas únicas no calendário World Tour. A Strade Bianche é
uma prova percorrida em solo italiano, com a caraterística única, que a
distingue de todas as outras clássicas, de ter mais de 50km em sterrato (terra).
Toda a espetacularidade que envolve esta prova vai desde as duras colinas de sterrato
até ao momento em que os ciclistas cruzam a meta, em que praticamente não se
reconhece quem são, ou até mesmo a equipa que representam devido ao sterrato que
ressalta das rodas para o equipamento. É por tudo isto e pela dureza que
apresenta, que a Strade Bianche tem tudo para ser considerada o novo monumento
do ciclismo mundial.
Escrito
por: Miguel Simões
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