Parte
da equipa do Ciclismo Mundial esteve esta semana presente na maior cimeira de
tecnologia mundial, a Web Summit, em Lisboa, entre os dias 6 e 8 de novembro.
Também presente esteve a equipa da Mitchelton-Scott, com a sua principal figura
no ciclismo feminino, que teve em 2018 um ano recheado com vitórias no Giro
Rosa, na la Course by Le Tour e nos mundiais de contrarrelógio, Annemiek van
Vleuten.
Infelizmente,
não tivemos oportunidade de estar com a ciclista holandesa, mas pudemos estar
um pouco à conversa com um dos principais responsáveis pela equipa australiana,
Shayne Bannan, que nos falou acerca deste último ano da Mitchelton e nos
desvendou um pouco daquela que será a próxima temporada de uma das
equipas-sensação deste ano!
Ciclismo Mundial – Vencer a Vuelta, quase vencer o
Giro, com aquele momento tocante do Simon na etapa 19... Como resume a época
para a Mitchelton?
Shayne Bannan – Primeiramente, foi um ano fantástico,
e o Giro foi desapontante, mas ao mesmo tempo um Giro fantástico. Nós
aprendemos muito, o Simon aprendeu muito e quando és capaz de olhar e fazer as
coisas de forma diferente, de forma particularmente tática... Eu espero que
concordem, o Giro foi uma corrida excitante! Não foi “o mesmo”... E eu penso
que a nossa equipa fez uma bela corrida. Agora olhamos para o futuro para
continuar a progredir e trabalhar muito para outro sucesso numa grande volta!
Eventualmente no Tour, não sei se estaremos prontos para isso no próximo ano,
mas definitivamente vamos tentar estar no pódio no Giro e na Vuelta na próxima
temporada.
Foto: Miguel Simões
CM – Depois de ver a apresentação do Giro e do Tour, é
possível sonhar e vencer ambas as provas ou pelo menos uma delas?
SB – Eu penso que a redução do contrarrelógio nos é
favorável, mais montanha... Do que eu já vi até agora do Giro e do Tour, o
perfil adapta-se às caraterísticas da equipa. Apenas nos falta decidir quem vai
a cada prova no próximo ano, porque temos o Simon Yates, obviamente, o Adam e o
Esteban, que teve um mau ano, com problemas de saúde, mas agora está em
recuperação quase completa e com o objetivo de fazer bons resultados na próxima
temporada.
CM – Nas mulheres, a Annemiek van Vleuten teve um ano
fantástico, vencendo o Giro, a La Course by le Tour e os mundiais de
contrarrelógio...
SB – Sim, ela é fantástica! E teve azar na prova em
linha, lesionou o joelho e ainda terminou em 7º, o que é incrível! Ela é uma
das mais dedicadas e determinadas atletas do pelotão, A sua determinação e
profissionalismo são incríveis!
CM – Para o próximo ano, eu li no CyclingNews que ela
se ia focar nas Ardenas... Será esse um objetivo para a nova época?
SB – A Annemiek correu a época de pista o ano passado,
por isso este ano não o vai fazer, para estar mais focada nas Ardenas. Eu sei
que se pudesse ela estaria focada em todas as provas, mas claro que isso não é
possível, tu tens de escolher certas corridas ao longo do ano, portanto
Ardenas, Giro, la Course e os Mundiais.
CM – O que aconteceu com o Caleb, a sua mudança para a
Lotto Soudal é para criar mais espaço para o Matteo Trentin, que é campeão
europeu, ou foi uma decisão dele próprio?
SB – Olhando para este ano, nós estivemos concentrados
em muitas corridas diferentes e quando te tornas um candidato nas grandes
voltas é mais difícil levar homens para a geral e sprinters. Eu julgo que foi
no melhor interesse do Caleb, querendo ele ser bem-sucedido em vencer etapas
nas grandes voltas. Olhando a isso, nós não podíamos dar-lhe essa oportunidade
no futuro... Foi uma boa decisão e ambas as partes concordaram.
Foto: Miguel Simões
CM – Com o objetivo de vencer grandes voltas e
construir uma equipa com capacidade de apoiar o Simon o Adam e o Esteban, a
perda de Roman Kreuziger será difícil de substituir?
SB – O Roman é um corredor muito experiente e muito
confiável nas grandes voltas, pelo que será difícil de o substituir, mas nós
temos alguns jovens, com menos experiência, mas que terão tempo de a ganhar,
portanto sim, iremos sentir a sua falta, mas seremos capazes de o substituir.
CM – Sobre a equipa de desenvolvimento sediada na China...
Quais serão os seus objetivos para o próximo ano?
SB – Ainda estamos em discussão sobre quais serão os
objetivos... Nós temos alguns bons nomes, mas precisamos de discutir mais o
calendário com a Associação de Ciclismo Chinesa e provavelmente iremos anunciar
o que vamos fazer, dentro de duas, três semanas.
CM – Quais serão os objetivos do Jack Haig para a
próxima temporada?
SB – Continuar a aprender e a evoluir, a ganhar
experiência em grandes voltas e, vocês sabem, ele será líder em algumas provas
pequenas. Provas do World Tour, mas não grandes voltas. Ele ainda precisa de
tempo para progredir e desenvolver, está a desfrutar do seu papel neste momento
e haverá um tempo no futuro em que ele terá a possibilidade de se tornar líder
da equipa numa grande volta, mas ele precisa de progredir.
Foto: Miguel Simões
Para
finalizar, a equipa do Ciclismo Mundial teve a oportunidade de dar uma
espreitadela ao autocarro da equipa que esteve presente num dos pavilhões da
Feira Internacional de Lisboa (FIL), no qual decorreram várias talks e mostras
de start-ups ao longo do evento, e Shayne Bannan revelou que aquele autocarro
que ali estava era o mesmo que há cinco anos, no Tour 2013, tinha ficado preso
debaixo da meta e provocado na altura uma situação caótica, que acabou por ser
resolvida mesmo antes da chegada do pelotão.
Versão
em inglês disponível aqui (English version available here):
https://cyclingmundial.blogspot.com/2018/11/talking-with-shayne-bannan-director-of.html
https://cyclingmundial.blogspot.com/2018/11/talking-with-shayne-bannan-director-of.html
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