domingo, 11 de novembro de 2018

À conversa com... Shayne Bannan – Diretor da Mitchelton-Scott

Foto: Diogo Martins

Parte da equipa do Ciclismo Mundial esteve esta semana presente na maior cimeira de tecnologia mundial, a Web Summit, em Lisboa, entre os dias 6 e 8 de novembro. Também presente esteve a equipa da Mitchelton-Scott, com a sua principal figura no ciclismo feminino, que teve em 2018 um ano recheado com vitórias no Giro Rosa, na la Course by Le Tour e nos mundiais de contrarrelógio, Annemiek van Vleuten.
Infelizmente, não tivemos oportunidade de estar com a ciclista holandesa, mas pudemos estar um pouco à conversa com um dos principais responsáveis pela equipa australiana, Shayne Bannan, que nos falou acerca deste último ano da Mitchelton e nos desvendou um pouco daquela que será a próxima temporada de uma das equipas-sensação deste ano!

Ciclismo Mundial – Vencer a Vuelta, quase vencer o Giro, com aquele momento tocante do Simon na etapa 19... Como resume a época para a Mitchelton?
Shayne Bannan – Primeiramente, foi um ano fantástico, e o Giro foi desapontante, mas ao mesmo tempo um Giro fantástico. Nós aprendemos muito, o Simon aprendeu muito e quando és capaz de olhar e fazer as coisas de forma diferente, de forma particularmente tática... Eu espero que concordem, o Giro foi uma corrida excitante! Não foi “o mesmo”... E eu penso que a nossa equipa fez uma bela corrida. Agora olhamos para o futuro para continuar a progredir e trabalhar muito para outro sucesso numa grande volta! Eventualmente no Tour, não sei se estaremos prontos para isso no próximo ano, mas definitivamente vamos tentar estar no pódio no Giro e na Vuelta na próxima temporada.

Foto: Miguel Simões

CM – Depois de ver a apresentação do Giro e do Tour, é possível sonhar e vencer ambas as provas ou pelo menos uma delas?
SB – Eu penso que a redução do contrarrelógio nos é favorável, mais montanha... Do que eu já vi até agora do Giro e do Tour, o perfil adapta-se às caraterísticas da equipa. Apenas nos falta decidir quem vai a cada prova no próximo ano, porque temos o Simon Yates, obviamente, o Adam e o Esteban, que teve um mau ano, com problemas de saúde, mas agora está em recuperação quase completa e com o objetivo de fazer bons resultados na próxima temporada.

CM – Nas mulheres, a Annemiek van Vleuten teve um ano fantástico, vencendo o Giro, a La Course by le Tour e os mundiais de contrarrelógio...
SB – Sim, ela é fantástica! E teve azar na prova em linha, lesionou o joelho e ainda terminou em 7º, o que é incrível! Ela é uma das mais dedicadas e determinadas atletas do pelotão, A sua determinação e profissionalismo são incríveis!

CM – Para o próximo ano, eu li no CyclingNews que ela se ia focar nas Ardenas... Será esse um objetivo para a nova época?
SB – A Annemiek correu a época de pista o ano passado, por isso este ano não o vai fazer, para estar mais focada nas Ardenas. Eu sei que se pudesse ela estaria focada em todas as provas, mas claro que isso não é possível, tu tens de escolher certas corridas ao longo do ano, portanto Ardenas, Giro, la Course e os Mundiais.

CM – O que aconteceu com o Caleb, a sua mudança para a Lotto Soudal é para criar mais espaço para o Matteo Trentin, que é campeão europeu, ou foi uma decisão dele próprio?
SB – Olhando para este ano, nós estivemos concentrados em muitas corridas diferentes e quando te tornas um candidato nas grandes voltas é mais difícil levar homens para a geral e sprinters. Eu julgo que foi no melhor interesse do Caleb, querendo ele ser bem-sucedido em vencer etapas nas grandes voltas. Olhando a isso, nós não podíamos dar-lhe essa oportunidade no futuro... Foi uma boa decisão e ambas as partes concordaram.

Foto: Miguel Simões

CM – Com o objetivo de vencer grandes voltas e construir uma equipa com capacidade de apoiar o Simon o Adam e o Esteban, a perda de Roman Kreuziger será difícil de substituir?
SB – O Roman é um corredor muito experiente e muito confiável nas grandes voltas, pelo que será difícil de o substituir, mas nós temos alguns jovens, com menos experiência, mas que terão tempo de a ganhar, portanto sim, iremos sentir a sua falta, mas seremos capazes de o substituir.

CM – Sobre a equipa de desenvolvimento sediada na China... Quais serão os seus objetivos para o próximo ano?
SB – Ainda estamos em discussão sobre quais serão os objetivos... Nós temos alguns bons nomes, mas precisamos de discutir mais o calendário com a Associação de Ciclismo Chinesa e provavelmente iremos anunciar o que vamos fazer, dentro de duas, três semanas.

CM – Quais serão os objetivos do Jack Haig para a próxima temporada?
SB – Continuar a aprender e a evoluir, a ganhar experiência em grandes voltas e, vocês sabem, ele será líder em algumas provas pequenas. Provas do World Tour, mas não grandes voltas. Ele ainda precisa de tempo para progredir e desenvolver, está a desfrutar do seu papel neste momento e haverá um tempo no futuro em que ele terá a possibilidade de se tornar líder da equipa numa grande volta, mas ele precisa de progredir.

Foto: Miguel Simões


Para finalizar, a equipa do Ciclismo Mundial teve a oportunidade de dar uma espreitadela ao autocarro da equipa que esteve presente num dos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa (FIL), no qual decorreram várias talks e mostras de start-ups ao longo do evento, e Shayne Bannan revelou que aquele autocarro que ali estava era o mesmo que há cinco anos, no Tour 2013, tinha ficado preso debaixo da meta e provocado na altura uma situação caótica, que acabou por ser resolvida mesmo antes da chegada do pelotão.

Versão em inglês disponível aqui (English version available here): 
https://cyclingmundial.blogspot.com/2018/11/talking-with-shayne-bannan-director-of.html

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