terça-feira, 30 de maio de 2017

Dia histórico para a Holanda, um Giro pelo Giro



Van Emdem
Foto:CyclingNews

 Van Emden provavelmente ainda está a chorar da emoção, é que o holandês de 32 anos deve ser dos corredores mais vezes sentado na poltrona de um contrarrelógio que é atirado para fora dela nos últimos instantes. Finalmente o dia chegou, e que dia! 
Ser dos primeiros a partir para um contrarrelógio tem praticamente só desvantagens. Pelo menos a única vantagem que vejo é o termino mais cedo da competição. É dos que tem que madrugar para aquecer e aprontar-se para a corrida contra o tempo. Não tem referências de tempo, fazendo o percurso “às cegas”. Acho que não é preciso dar mais justificações para valorizar, ainda mais, esta vitória! 

No que toca aos portugueses,  José Gonçalves foi o melhor, 24º a 1:36 do holandês. Seguindo-se José Mendes e Rui Costa, que foram 41º e 42º, respetivamente, a 2:06 e 2:15. O ex-campeão do mundo, conseguiu ser o melhor da equipa na etapa, mostrando as fragilidades da equipa, que ainda assim, conseguiu sair desta edição com uma vitória de Jan Polanc.

O pódio
Foto: CyclingNews

Mas o dia acaba por ser ainda mais histórico para um país tão pequeno com a Holanda. É que Dumoulin voltou a fazer das suas e não só recuperou os 53 segundos que tinha de desvantagem, como ainda reforçou a conquista da Maglia Rosa com 51 segundos. Ou seja, Nairo Quintana perdeu 1:44 em menos de 30kms, o que dá uma média de 3,467 s/km! Mesmo assim temos que congratular e aplaudir a excelente etapa que o colombiano fez! Pode não ter sido o contrarrelógio da vida dele, já que apenas tem 27 anos, mas poderá ter ficado lá perto. A Nibali faltou-lhe perder menos 9 segundos para não conhecer um novo lugar do pódio (é a primeira vez que é 3ª classificado). O italiano não se pode queixar de apoio, já que as ruas de Milão estiveram repletas de amantes da modalidade que puxaram pelo Tubarão durante os 30kms de prova.


Na luta pelo Top 3, Thibaut Pinot fez um contrarrelógio normal, que nunca pões em causa o pódio de Quintana/Nibali, mostrando que está longe da boa forma em corridas contra o tempo. Já Ilnur Zakarin, depois da excelente 3ª semana, esperava mais. Veio a fazer frente a Nibali até ao 2º ponto intermédio, mas depois perdeu gás e as aspirações do russo foram-se. Ainda assim, com 27 anos, tem provas mais que dadas que é um forte candidato a lutar por uma competição de 3 semanas. Tal como o francês. 



Maglia Bianca Bob Jungles
Foto: CyclingNews
Na luta pela Maglia Bianca, aconteceu o esperado. Bob Jungles apesar de partir em desvantagem, foi capaz de ultrapassar o britânico Adam Yates na classificação geral e ser coroado rei da juventude. Ambos têm muito para dar ao ciclismo, e serão, sem dúvida alguma, candidatos a vencer Giro’s, Tour’s e Vuelta’s nos anos futuros. 



Fernando Gaviria - Maglia Rossa
Foto: CyclingNews

Fernando Gaviria termina o Giro praticamente sozinho no que toca a sprínters. Greipel, Ewan, Modolo, Mareczko, entre outros, desistiram ao longo da 2ª/inicio da 3ª semana. Desde o final da 2ª semana que a vitória na Maglia Rossa está determinada, salvo algum acontecimento de maior ou algum percalço do colombiano. 133 pontos separam-no de Jasper Stuyven (Trek), mais que os 117, do 3º Sam Bennett (Bora). Com 4 vitórias em 7 possíveis chegadas ao sprint, é uma excelente preforme e mais que merecido prémio final. Tal como Sam Bennett e o seu lançador Maximiliano Richeze, devem ter aproveitado para nesta 3ª semana fazerem um estágio em altitude.



Maglia Azzura - Mikel Landa
Foto: CyclingNews

Mikel Landa é uma longa história. Parte como 2º líder da Sky, só que a equipa na etapa 9, perde não só o plano A, como plano B. Geraint Thomas e Landa ficam caídos no chão graças a uma mota. Thomas viria a abandonar para não pôr em causa a sua preparação para o Tour. Landa como muito tempo perdido, teria que pensar noutras soluções. Meteu 2 desafios na cabeça: etapa e montanha. Guardou forças para a 3ª semana. Era um homem certo na fuga do dia. Tentou uma vez, foi 3º na viória de Dumoulin no alto Oropa. 16ª etapa perdeu ao sprint com Nibali. Dois dias depois, perdeu ao sprint com Tejay Van Garderen. Tinha nessa etapa praticamente garantida a classificação da montanha. Podia então descansar, que tinha cumprido algo. Mas não, no dia seguinte, meteu-se com Rui Costa (outro rei dos 2º lugares) e só parou para cruzar a meta, emocionado, dedicando a vitória ao seu ex-colega de equipa e amigo Michelle Scarponi. Com isto cumpriu as promessas. Vitória e Maglia Azzura. 




Vitória também é da Sunweb



Team Sunweb
Foto: CyclingNews


Não é uma Sky, nem uma Movistar, mas aguentaram-se firme sempre junto do seu líder. Muito tem que agradecer Tom Dumoulin aos seus 6 companheiros. Phil Bahaus apesar de sprinter deve ter feito falta nem que fosse para dar abastecimento. E sem dúvida Wilco Kelderman que iria ser, a par de Tem Dam, o braço direito e esquerdo na montanha. O troféu pertence não só a Dumoulin, mas também Laurens Tem Dam (como já foi antes anunciado), Simon Geschke, Georg Preidler, Chad Haga, Sindre Skjotad Lunke e Tom Stamsnikder. 



Os Portugueses

José Gonçalves
Foto: Organização

José Gonçalves estreou-se no Giro com o papel de trabalhar para Zakarin. Foi muitas vezes visível na puxar o pelotão e a ajudar o russo. Cremos que cumpriu o seu papel. Pode ser que venha para a Vuelta livre para vencer a etapa que tanto lhe anda a fugir. A ultima etapa foi a sua melhor prestação, 24º. Termina o Giro na 60ª posição a 2:38:16.



José Mendes
Foto: Bora

José Mendes. Juntamente com Barta tinham o papel de se envolverem nas fugas e tentarem ganhar etapas. A Bora vinha especialmente preparada para vencer etapas ao sprint com Sam Bennett. Conseguiram vence a primeira etapa e andar de Rosa durante um dia. Vimos o campeão Nacional envolvidos nas fugas e quando não as integrava, ficava quase sempre com os melhores. É um corredor regular, como nos tem vindo habituar. A sua melhor etapa foi no Blockhaus, onde foi 19º. Termina a prova a 2:23:54 na 48ª posição.



Rui Costa
Foto: Organização


Rui Costa. Muita revolta tem dado e muito tem dado que falar. Vinha para etapas, mas ao mesmo tempo para a Geral. Pelo menos no inicio era isso que mostrava. Foi 10º na etapa de sprint onde poderia haver cortes e não queria perder tempo. Praticamente nunca chegou fora do Top 50 em etapa e tinha altas possibilidades de atingir um Top 10. À partida para a 2ª semana, foi 2º classificado, perdendo para Omar Fraile. Era o melhor da equipa na 15ª posição. Ainda assim abdicou da geral. Repetiu por mais duas vezes o lugar ingrato que é o segundo. Etapa de Rolland, em que a equipa trabalhou todo o dia para ele, mas deixou fugir o francês nos instantes finais. Penúltima etapa em linha, fica em segundo depois de não conseguir seguir ao lado de Landa. Estamos orgulhosos do nosso ex-campeão mundial, mas a indefinição de objetivos desta equipa é bastante critica. Seja a culpa da equipa ou dos corredores, há algo que tem que ser corrigido.



A Quick-Step (dream team)

Quick-Step
Foto: Quick-Step

5 etapas, 2 camisolas. Foi sem dúvida a melhor equipa nesta edição. Com uma equipa repleta de jovens talentos foi para uma super equipa. Consegui chegar a Milão com os 9 corredores, algo que só a Cannodale a CCC conseguiram fazer.

Jan Hirt (revelação)

Jan Hirt
Foto: Facebook oficial do corredor

Para muitos uma surpresa. Não costumava andar tão bem com os melhores. Fica a nota bastante positiva deste corredor que ainda tem 26 anos. Fez uma prova de trás para a frente. Começa perto do Top 40 e termina na 12ª posição a pouco mais de 21 minutos. Talvez com uma melhoria na luta contra o tempo e possa ascender a Top 10 de grandes voltas. Merecia ser contratado por uma equipa de World Tour. A Sky não deve andar de olhos fechado.



Tejay Van Garderen (surpresa positiva)


Tejay Van Garderen
Foto: CyclingNews

Começou a prova como nos tem habituado desde o Tour 2015, mal. Acaba a prova com uma vitória e uma subida bastante acentuada (e tardia) na Geral. Nos contrarrelógios andou bem. Quem viu o americano na 2ª e 3ª semana, viu o mesmo TVG do Criterium Dauphine de 2015? Para o Ciclismo era bom que isso fosse real.


Momento negativo

Geraint Thomas
Foto: Getty Images

Para mim sem dúvida a queda de Geraint Thomas, Mikel Landa e Wilco Kelderman modificou a corrida. Thomas vinha com uma excelente preparação e uma excelente equipa para o apoiar. Seria um dos mais forte a bater, ou não perder tanto tempo, nos contrarrelógios, Tom Dumoulin. 


Momento marcante

Vitória de Tom Dumoulin no Oropa é para muitos a altura em que Dumoulin se assume com realemente o maior favorito e merecedor de vencer o Giro. Mas para mim, o fair-play é o momento mais marcante. Tom Dumoulin pede a todos para esperar por Nairo Quintana que tinha caído na descida. Aí sim, o holandês mostrou a sua classe e o seu espiritio de senhor. 

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