Hoje estivemos em Viana do Castelo com o ciclista profissional na vertente de Enduro Marco Fidalgo, e aproveita-mos para obter uma entrevista com o impulsionador do Downhill e do Enduro em Portugal.
Marco Fidalgo tem 36 anos e corre desde 2007 com as cores da Berg Cycles, uma marca portuguesa.
1 - Depois de seres um ícone e um impulsionador do
Downhill em Portugal, como surgiu a ideia de te mudares para o Enduro?
Marco Fidalgo - Quando se está no downhill há muito
tempo ou no desporto em si a ideia é sempre evoluir, o Enduro é uma modalidade
que veio para ficar, começou a tornar-se muito forte em 2010, e como tal em
2012 decidi também fazer a minha aposta e a partir dai começar a evoluir na
modalidade, foi também um “refresh” na minha vida desportiva, por isso estou
mais do que satisfeito por ter feito essa escolha
2 - Para quem não conhece o Enduro, como defines a
disciplina?
MF - A disciplina do Enduro define-se basicamente com
o endurance, técnica e acima de tudo com a vontade enorme de disfrutar a
natureza. É uma modalidade que dispensa meios mecânicos, não há a necessidade
de andar com carros “para trás e para a frente” e é de facto brilhante quando
fazemos uma volta de 50 quilómetros com sensivelmente 8 quilómetros
cronometrados, e é uma sensação de liberdade fantástica. É uma modalidade que
acima de tudo conta com a consistência nas especiais que são cronometradas,
determinadas sempre pelas organizações. É uma modalidade que tem tudo para
crescer, que vai continuar a dar cartas e é uma modalidade que entre
curto/longo prazo vai chegar a todos, é uma questão também de mentalidades e
também das pessoas começarem a diferenciar-se pelo gosto pela natureza e acima
de tudo pela bicicleta.
3 - Começas-te no Enduro no Campeonato Super Enduro
Pro em Itália, qual foi a primeira sensação ao participar pela primeira vez
numa prova de Enduro?
MF – A sensação foi exatamente o facto de não
existirem meios mecânicos, cheguei ao local e quis testar, lembro-me que na
altura fazia um treino especifico para downhill e quando pensei mudar-me para o
Enduro sofria imenso, as pernas não estavam preparadas para um esforço de 70
quilómetros e com 5 ou 6 especiais cronometradas, como se fossem 5 ou 6 “downhills”,
e na altura foi bastante duro mas no final da prova foi uma satisfação tão
grande, porque era um mundo novo que eu queria já ter descoberto, e foi como se
fosse uma criança que tinha acabado de começar a andar de bicicleta tanta foi a
satisfação.
4 - Em termos pessoais, a pré-época correu bem? Qual o
balanço que fazes para este 2016?
MF – Esta pré-época correu-me muito bem, diverti-me à
brava foi feita sem qualquer pressão, eu ando de bicicleta entre 5 a 6 vezes
por semana e em cada treino tento divertir-me da melhor forma. Esta época de
2016 começou bem, os meus objetivos mantêm-se fieis a mim mesmo que é
divertir-me com a natureza e com a bicicleta e através disso evoluir em outras
áreas que tenham a ver com este desporto, basicamente com tudo o que tenha a
ver com o Mountain Bike.
5 - Já tens duas provas da Taça do Mundo realizadas,
como tem corrido?
MF – Foi espetacular! Este ano escolhi começar na
América do Sul, nas duas primeiras provas da Taça do Mundo de Enduro, quis
experimentar novos terrenos, aproveitei também para me dedicar a alguns
trabalhos que serão revelados no futuro, e portanto toda esta área de
exploração, e de expedição e de competição, trás frutos enormes, vim de lá
dentro de um top-50 na geral nas duas competições, foram terrenos novos, foi difícil,
foi divertido, teve tudo e mais alguma coisa e vim de lá como é obvio super
satisfeito e com vontade de fazer mais e melhor.
6 - Este ano teremos cerca de 5 provas da Taça de
Portugal de Enduro mais o Campeonato Nacional. Em Portugal és o grande
impulsionador da modalidade, as organizações costumam falar contigo, pedir
conselhos…?
Não tem acontecido muito, as organizações em Portugal
começaram de uma forma algo má, mas, entretanto, tem vindo a melhorar, na minha
maneira de ver continuam ainda um pouco “atrasados” no tempo, contudo não me
costumam questionar muito porque habitualmente as organizações também tem a
ideia que sabem de tudo e mais alguma coisa o que acho que é uma coisa que
fazem mal. Entretanto de vez em quando aproveito para dar o meu feedback na
medida do possível também para ajudar, mas em modo geral acho que as coisas
também estão a ter uma evolução natural, sem grande precipitação, pelo que só
quero ver as coisas a andar para frente, é o que desejo sempre aos
organizadores.
7 - Estamos num WorkShop da Sport Zone, teu
patrocinador. No teu ponto de vista quais são as grandes vantagens destes
eventos?
MF – As vantagens destes eventos no meu ponto de vista
prendem-se sempre com a comunicação, eu pretendo chegar sempre a tudo e a todos
e ter sempre discussões agradáveis com as pessoas que gostam do desporto tal
como eu, e pronto estas ações, estes eventos locais tem como objetivos chegarmos
às localidades, como neste caso a Viana do Castelo, os resultados deste tipo de
intervenção são sempre muito bons e é uma coisa que me agrada imenso e não
podia estar mais satisfeito.
8 - Quais são as tuas responsabilidades dentro da
marca Berg? Tens intervenção na evolução das bicicletas, vestuário..? Como é
que tudo isto é feito?
MF – A Berg conta com uma família que ultrapassa as 15
pessoas, eu faço muita coisa, mas não gosto de falar de mim visto que todos nós
fazemos várias coisas, todos nós estamos sempre em contacto direto com o
produto, eu e outras pessoas testamos o material e chegamos sempre a um
feedback. A Berg trabalha todos os dias com objetivos claros, evoluir no
mercado e evoluir em prol dos clientes, e tentar estar sempre na linha da
frente, sabemos o que os clientes querem e o que querem descobrir nos produtos
que lançamos e tentamos ser perfecionistas em tudo o que fazemos. Os resultados
até agora têm sido imensos, mas eu além de ser atleta estou sempre no apoio em
tudo o que tenha a ver com a evolução da marca a passos largos.
9 - Que conselhos deixas para os jovens que desejam
ser corredores também?
MF – Os conselhos são muito básicos, comecem a andar de
bicicleta e a divertirem-se sem pressões e sem a vontade de vencer, porque o
tempo é um ensinamento que nos oferecem de mão beijada em tudo o que tenha ver
com a performance, a partir do momento em que andamos de bicicleta começa-mos a
divertir-nos e a ganhar técnica, a conhecer melhor a bicicleta, a usufruir mais
da natureza, a ideia é sempre praticar a modalidade com segurança, com cabeça e
aprender a evoluir de uma forma inteligente e sensata e não esquecer que a humildade
tem de ter sempre um lugar na casa.
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