Escrito por: Vasco Seixas
1)
A
supremacia de Contador
O camisola Rosa não deu quaisquer hipóteses à concorrência.
Desde as primeiras etapas que foi perceptível o facto de o espanhol se
encontrar num patamar acima de todos os seus adversários, mesmo com todos os
azares (as quedas na primeira semana que apenas valeram para o susto, e na
penúltima etapa onde um mau momento o fez perder uns minutos para os mais
directos adversários). Contudo, a liderança e supremacia de Alberto Contador
nunca foi posta em causa, tendo o espanhol dado um autêntico “Olé” aos demais
aspirantes à Maglia Rosa.
2)
O
domínio cazaque
Astana,
Astana e mais Astana. Uma coisa foi comum em todas as etapas deste Giro, em
todas elas se via um pelotão liderado por quase toda a equipa. Este giro foi dominado
completamente pelo azul celeste da equipa cazaque, uma grande demonstração de
força como há muito não se via num grande volta.
3)
A
irreverência de Aru
O novo Pantini é siciliano! Aru, apesar da sua juventude,
mostrou neste Giro (mesmo com alguns fraquejos principalmente na segunda metade
da prova) uma enorme qualidade, sempre insistindo em tentar superar o imbatível
Contador. Mesmo não tendo conseguido, deixou uma grande esperança futura ao
povo italiano que pode aguardar por grandes conquistas deste jovem promissor.
4)
A
ascensão de Landa
Se
calhar a maior surpresa deste Giro foi a grande exibição do basco, que fora o
contra-relógio, demonstrou sempre uma qualidade extraordinária e constante.
Apesar da sua reconhecida qualidade o espanhol não entrou para o leque de candidatos
a top 10, todavia, e contra as melhores expectativas batalhou até a última com
Contador pela conquista do Giro deste ano. Se Mikel Landa melhorar a sua
prestação nos TT´s , poderá sair daqui um bom produto da Euskaltel-Euskadi. Teve escola, tem idade e
está numa boa faculdade. Vamos acompanhar.
5)
A
dupla atacante Hesjedal-Kruijswijk
O
canadiano da Garmin- Cannondale e o holandês da Lotto NL Jumbo, foram dois dos
maiores animadores da edição deste ano do Giro. Não obstante de um mau começo,
com uma 1ª semana quase para esquecer, dispararam na 2ªsemana com grandes
exibições, sempre na ofensiva para delícia de todos os fãs de ciclismo que os
viam etapa após etapa a batalhar na frente com todas as suas forças. Caso
tivessem tido uma prova mais regular, quem sabe se não poderiam ter lutado pelo
pódio e dado ainda mais emoção a este Giro.
6)
Andrey
“nada” Amador
Uma das grandes revelações da edição deste ano do Giro é o
costa-riquenho que, contra todas as expectativas, se mostrou um ciclista
tremendamente completo, de enorme qualidade, muito regular e sempre muito
combativo. Numa equipa da Movistar com nomes secundários mas recheada de
qualidade o costa-riquenho demonstrou ser um óptimo corredor de provas de 3
semanas e certamente que estará mais vezes na luta das mais importantes provas
velocipédicas dos próximos anos.
7)
A
vitoriosa Lampre-Merida
1,2,3,4! Que grande Poker da formação italiana! Apesar de
um elenco mais fraco face a outras equipas de menor qualidade teórica (menor ou
maior?) e mesmo não conseguindo colocar um ciclista na luta pelo top 10, a
equipa italiana demonstrou com as suas armas uma tremenda raça e crença na
vitória. Nem sempre eram os favoritos a ganhar as etapas, mas nas 4 vitórias
conseguiram superar de forma contundente todos os seus adversários. Desde as
duas vitórias com o sprint do italiano Sacha Modolo, passando pela grande
conquista numa dura etapa do jovem Jan Polanc, até à etapa do renascimento do
promissor Diego Ulissi, a Lampre conseguiu demonstrar uma excelente imagem na
sua prova predilecta!
8)
O
alpinista Visconti
Ufa! Foi o que terá dito o italiano Giovanni Visconti e
toda a equipa Movistar quando tiveram a certeza, na penúltima etapa, que o
basco Landa não iria conseguir ganhar a Maglia
Azzura. Apesar da luta renhida, Visconti e acima de tudo a Movistar foram
inteiramente merecedores da conquista desta camisola. A equipa espanhola
demonstrou desde o início uma enorme vontade de ganhar esta classificação,
primeiro com Beñat Intxausti e depois, na 3ª semana, com Visconti que, graças à
sua boa prestação inicial na geral, às fugas em que esteve envolvido e apesar
da grande concorrência com que se deparou, saiu deste Giro como o grande rei
das montanhas!
9)
O
Incessante Nizzolo
Depois de uma Primavera muito pobre em resultados, e não
tendo grandes perspectivas para lutar pela geral neste Giro, coube a Giacomo
Nizzolo a difícil tarefa de lutar pela camisola dos pontos, e o italiano não
defraudou as expectativas. Apesar não ter conseguido ganhar nenhuma etapa (um
pouco de falta de sorte), esteve sempre na luta nos “sprint´s” das etapas mais
planas e a acrescentar a isso foi o grande vencedor das metas volantes. Sempre
que havia uma meta volante no início de uma etapa, era certo que teríamos o
italiano na luta. Por todas a sua combatividade, luta e esforço Nizzolo foi sem
sombra de dúvida um grande merecedor da Maglia
Rossa.
10)
A
Armada Tuga
O último dos pontos de destaque é o desempenho dos
portugueses em prova. Apesar de terem passado despercebidos, foram cruciais
para os resultados das suas respectivas equipas que, por sinal, foram das que
mais espectáculo proporcionaram. André Cardoso pela Cannondale-Garmin foi a
grande ajuda do líder da equipa Ryder Hesjedal que deve muitos dos seus bons
resultados ao grande apoio do português. Para além de ter sido um gregário de
luxo, o André ainda conseguiu finalizar o Giro às portas do Top 20, em 21°,
para além de ter conseguido o magnífico feito de ser considerado o 4º mais
rápido deste ano a subir o difícil e mítico Mortirolo. O Sérgio Paulinho da
poderosa Tinkoff, como nos tem acostumado, fez o típico trabalho invisível (mas
sempre de grande qualidade) ajudando e muito à conquista da Maglia Rosa por
parte do colega e amigo Alberto Contador. Por fim o estreante Fábio Silvestre
da Trek pisou pela primeira vez os palcos de uma Grande Volta, e apesar não ter
tido um Giro de grande valor, foi uma boa ajuda na conquista da camisola
vermelha por parte do colega Nizzolo.
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